Capitão cloroquina club band

“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos. ” Nunca uma frase de Nelson Rodrigues foi tão apropriada nesses tempos obscuros. É bem verdade que a grande maioria dos eleitores do presidente saíram do estágio de catalepsia e estão concordando que já passou de ignorância (sentido de desconhecer) para se assemelhar aos pensamentos retrógrados do mandatário do país. Só mesmo sendo xenófobo, racista, homofóbico e de extrema-direita é que concorda com tudo que está acontecendo. E parece que é uma turma grande, mas já não é uma massa mais expressiva.

Como diria um amigo próximo, Dias Gomes está se revirando no caixão, com uma figura que quer os holofotes para si e vale tudo para esse fim. Quer ter o mesmo nível de Odorico Paraguaçu. Quer a imprensa presente, mas ao mesmo tempo desqualifica sua atuação e humilha sempre que pode. Como um soberano grotesco, faz parte do clã de negacionistas da Pandemia, junto com a Nicarágua, Turcomenistão e Bielorrússia. E nesse G4 da pandemia, temos a Nicarágua, que avisou que vai combater com "calor e amor", mas tem mortos sendo jogados para a rua para serem recolhidos pelo poder público igual a peste Negra. O Turcomenistão, que proibiu o termo "corona", para ver se daí ele desaparece. Bielorrússia, que o ditador declarado aposta na derrota do vírus através da vodca e sauna. E finalmente, o pior de todos, o Brasil, que acha que é apenas uma gripe.

O golpe final, a derrocada para o vírus se dá na troca de ministros da saúde. Mesmo com um ministro que queria sucatear o SUS, mesmo com suas posições de alinhamento com Bolsonaro, estava fazendo o correto e não manchando sua conduta como médico. Agora, temos um verdadeiro alinhado com Bolsonaro. Aquele que em breve vai flexibilizar a quarentena a favor do pensamento de Bolsonaro. Esse não pensa em sua ficha como médico. Esse já falou da importância do dogma guedista que diz "nada é verdadeiro, tudo é permitido... e só o que importa é a economia". Não se falou em sua apresentação sobre cuidados com os doentes, já recriminou a compra de respiradores, não está na frente de combate, não tem um plano de ação e tem seu discurso marcado pela eugenia, falando em salvar apenas os jovens.

No momento, o que vale é a quarentena. Por sorte, temos o bom senso dos governadores mantendo a quarentena com ajuda do STF. Todos estão em casa e se saírem, saiam de máscara. O que não vale para o presidente. Que saiu para cumprimentar transeuntes, mesmo tossindo nas mãos e negando de mostrar seus exames. Não houve sequer uma repreensão do novo ministro da saúde ou da justiça. Silêncio. Apesar de notas de repúdio do STF, Congresso, Ministério Público, PGR, jornais do Brasil e do mundo, nada acontece. Não só pela pandemia, mas o presidente apoiou a volta do AI-5 e o fechamento do congresso em discurso. Estamos encurralados. Pedir a volta da ditadura é crime. Usar a liberdade de expressão para pedir o fim da liberdade de expressão é no mínimo não usar o cérebro.

No dia seguinte, nega tudo o que disse na véspera e posa de defensor da Constituição. Tudo, é claro, com direito a claque sempre presente. Tudo parecia os programas de humor da década de 70, mas sem a menor graça. "Eu sou a Constituição" dizia hoje. Lembra "O Estado sou eu", de Luís XIV, rei absolutista. Só que o fim dessa história foi a guilhotina. E aqui? É falta de história, sociologia, filosofia nas Escolas, é uma classe burguesa totalmente comprometida apenas com o mercado, sem educação e amor nos corações. Antes de negar tudo (como se não houvesse televisão), teve um encontro com seus outros filhos. Só as fotos estampadas na parede não precisariam de se ouvir o registro dessa conversa. Eram fotos de metralhadoras e outro quadro revelando a necessidade de metralhar toda a esquerda. O que precisa mais para afastar essa insanidade?

Muito se tem falado que haverá um número de mortos pelo vírus de grande relevância. Enquanto governantes sérios e a ciência lutam para achatar a curva em tempo de achar uma cura, temos que lutar o dobro nesse país. Ó meu pai!